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Jovem da IEAB na Conferência de Edimburgo 2010

Entrevista do Site Trindade com o jovem anglicano Luiz Coelho da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro.


1-     Qual é a importância da Conferência Missionária de Edimburgo de 2010 para a Igreja Mundial e seu  possível impacto para a Igreja Brasileira?


Luiz Coelho: A Igreja em nível mundial encontra-se em uma encruzilhada.  De um lado, a secularização do ocidente (muitas vezes em consequência histórica de atos arbitrários da própria Igreja) nos impõe dificuldades formidáveis na reevangelização de regiões antes conhecidas por enviarem missionários.  Por outro lado, assusta o crescimento do fundamentalismo exclusivista, que apresenta um especial apelo nos países em desenvolvimento, bem como entre populações de baixa renda dos países desenvolvidos.


Tendo esse pano de fundo em mente, a Conferência de Edimburgo precisa revitalizar o conceito de missão. Pela primeira vez, teremos a participação de Católicos Romanos, Ortodoxos e Pentecostais.  Talvez essa seja uma grande oportunidade para que todos os cristãos, apesar de suas divergências ideológicas, emitam um forte apelo para que nos engajemos num cristianismo missionário que se doe pelo mundo sofredor, e que entenda que o que nos une é muito maior que nossas diferenças.


2-     Sabemos que você foi escolhido para compor um Comitê representando a Igreja Anglicana nessa Conferência. Fale-nos como foi o processo de escolha e suas expectativas.


Luiz Coelho: A Comunhão Anglicana está buscando criar oportunidades em seus comitês para pessoas com menos de 35 anos.  Nesse aspecto, o Diretor de Missão, Pe. John Kafwanka, requisitou que cada província selecionasse três jovens teólogos(as) e mandasse seus currículos para ele.  Dentre esses currículos, sete pessoas foram selecionadas, inclusive eu.  Fiquei surpreso, pois minha área de especialização maior é arte sacra e liturgia, o que era bastante evidente no meu currículo.  Além disso, havia servido como steward em Lambeth 2008, o que tornava uma segunda seleção algo mais difícil.  Mesmo assim, fui escolhido, então imagino que a mão de Deus está por detrás disso também.


Minha expectativa é poder ser uma voz latino-americana anglicana na conferência.  Sei que muitas vezes nós latino-americanos somos preteridos no anglicanismo mundial.  Percebo, contudo, que se fôssemos mais ouvidos, talvez a nossa Comunhão não estivesse no estado caótico em que se encontra.  Muitas vezes, temos nos oferecido para sermos o "caminho do meio" entre o extremismo liberal e o extremismo conservador, vendo graça tanto no compromisso que os progressistas têm de incluir as minorias sexuais e étnicas na vida da Igreja, bem como o zelo conservador por evangelismo e missão.


3-     Qual será a contribuição do Brasil para a Conferência de Edimburgo? 


Luiz Coelho: Até onde eu sei, sou o único brasileiro confirmado para ir!  Com certeza haverá mais gente daqui, mas não os conheço.  


4-     Como poderemos acompanhar o desenvolvimento dessa Conferência aqui no Brasil? Existe algum site específico?


Luiz Coelho: Pretendo criar um blog específico, dentro do meu site principal: www.luizcoelho.com (atualmente somente em inglês, mas dentro em breve em português).  Assim que estiver disponível, darei o endereço a vocês. 


5-     Você é um jovem anglicano que participou e trabalhou na Conferência de Lambeth 2008. Acreditamos que teve a oportunidade de presenciar a diversidade de pensamento teológico e cultural de diversas Igrejas da Comunhão Anglicana. Agora em Edimburgo, em um contexto ecumênico, o que espera encontrar sobre o tema Juventude e Missão da Igreja? Deixe suas considerações finais.  


Luiz Coelho: O que percebo do trabalhar com jovens aqui e em contextos ecumênicos e internacionais é que as "controvérsias" anglicanas de agora não são grave problema entre nós. Afinal de contas, fazemos parte de uma geração "global", conectada através dos meios de comunicação em massa.  Nosso contexto é um contexto de diversidade.  Lidamos no nosso dia a dia com pessoas que representam um espectro variado da experiência humana e que já não cabem mais nas visões convencionais e tradicionalistas de ser Igreja.  A contribuição da juventude num contexto missionário é, primordialmente, perguntar à Igreja: "o que temos feito para alcançar toda essa gente?"  Assim, a Missão precisa adaptar-se às diversas situações que surgem pela frente em nossa experiência cotidiana.  Não há mais fórmulas rígidas de Missão.  A Missão precisa ser feita de modo a levar Jesus Cristo de formas diversificadas e, muitas vezes, inusitadas.


Mais informações sobre a Conferência de Edimburgo, acessar o site do Conselho Mundial de Igrejas.