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Escândalos Urbanos (1)


Dermi AzevedoPátio do Colégio. Tarde de segunda-feira, 31 de agosto de 2009. O jovem assaltante é  preso por um estudante de Direito. Dominado, é chutado na cabeça e nas costas. Algumas pessoas querem linchá-lo. É entregue à  polícia. O autor da prisão é saudado como herói. O dia segue a sua rotina...


A jovem senhora fala comigo. Atribui tudo aquilo aos direitos humanos e à defesa da dignidade humana. Afirma que uma ONG de direitos humanos contratou três advogados e conseguiu retirar da prisão um estuprador.


Falta pouco para que comece a segunda década do século XXI. Por meio da nanotecnologia, a ciência avança no conhecimento do organismo humano. A informática anula virtualmente as fronteiras. Em quase todas as áreas, as tecnologias fascinam.


Volto para casa. Ando com cuidado para não tropeçar nos montes de lixo, espalhados pelas calçadas. Envolvidos nos detritos, seres humanos: crianças, jovens, adultos, idosos. Dormem à luz do sol ou debaixo de chuva.  No frio e no calor.


Lembro ter lido, em algum lugar, que o ser humano foi criado à imagem e à semelhança de Deus. (Gên.1, 26-27). Li também que o homem e a mulher são templos do Espírito Santo. (ICor. 3,16). Houve até mesmo um filósofo, Protágoras, que deixou para a história uma frase: “O ser humano é a medida de todas as coisas”.


Coloco-me diante desse quadro sempre inalterado de violência e de miséria compartilho o que descreve Jó, 24, 4: “Os indigentes devem afastar-se do caminho e os pobres do país devem esconder-se juntos...”.


Ouço vozes que saem dos monturos: “Somos muitos Severinos, iguais em tudo na vida...”. Ecce homo.


Dermi Azevedo é jornalista, cientista político, articulador da Desmond Tutu e membro da Paróquia da Santíssima Trindade.